Para a primeira coluna aqui no O Cabide Geek escolhi falar do trabalho de Trisha Biggar, figurinista dos episódios I, II e III de Star Wars.  Pode me chamar de clichê, mas é impossível resistir a oportunidade de falar do trabalho de alguém que foi absolutamente indispensável para que essa saga fosse completa.

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Os cenários de filmes como Star Wars não tem muita dimensão, são paisagens genéricas mesmo quando estão dentro de naves espaciais, sendo assim, não te contam muita história, não traduzem o momento e esclarecem quais são os sentimentos reais que permeiam as cenas. Em determinados momentos, não fosse pelos figurinos, não teríamos como saber se é noite ou dia, se o momento é amistoso ou de preparação para uma batalha. As roupas que os personagens vestem são feitas para que nós, os telespectadores, antecipemos tudo isso.

Além do mais, qualquer desculpa para falar do figurino de tirar o fôlego que Natalie Portman vestiu para interpretar Padmé é válida!

Para Iain McCaig, o responsável pela criação dos conceitos e desenhos dos figurinos, encontrar inspiração para o desenvolvimento do figurino da personagem que Natalie Portman interpretou ele buscou referências na Ásia, além disso há fortes influências históricas em quase todas as roupas usadas por Padmé. No filme A Ameaça Fantasma a roupa que vemos Padmé usar no Senado teve inspiração na realeza histórica, dessa vez a referência veio da Mongólia:

Na imagem acima vemos uma princesa mongol do século XIX.

Na imagem acima vemos uma princesa mongol do século XIX.

Além disso, em O Ataque dos Clones, na cena em que a Senadora Amidala precisa voltar a Naboo para se proteger, ela está usando uma indumentária inspirada em um vestido de gala russo da virada do século passado, dá uma olhada:

A imagem à esquerda mostra a Grande Duquesa Xenia Alexandrovna usando o vestido de gala em 1903.

Nos primeiros filmes George Lucas evitou propositalmente lidar com moda e figurinos elaborados, deixando tudo o mais simples possível. Nos filmes seguintes os figurinos teriam um papel próprio, já que ele os escreveu pensando em uma sociedade mais desenvolvida e sofisticada. Para isso a equipe de figurino trabalhou muitas vezes com até 50 pessoas, que desenvolveram mais de 1000 figurinos, tudo criado por eles mesmos e quase tudo produzido por eles também (com exceção a pequenos detalhes, como peças feitas em ouro ou o bordado do vestido de noiva de Padmé), incluindo os acessórios. Eles também eram responsáveis por tratar muitos dos tecidos, isso significa tingir, engomar, esticar, criar desgastes, nervuras, etc.

Mas com certeza, desenvolver apenas o figurino de Padmé foi um trabalho a parte, até porquê no início ela teria apenas 3 figurinos, mas conforme o tempo passou, George Lucas decidiu que ela teria um figurino diferente para cada vez que aparecesse em cena, já que o personagem é alguém relevante para a sociedade e comparece a eventos de destaque.

Em 1999 o figurino de Padmé ultrapassou as telonas e foi parar nas páginas da revista de moda mais conceituada do mundo. Isso mesmo, Star Wars fez parte do conteúdo da Vogue sem nenhum um tipo de alteração ou adaptação em sua temática. O figurino da então Rainha Amidala foi usado pela modelo e atriz francesa, Audrey Marnay (apesar da semelhança ela não é Veronica Segura, a atriz que interpretou Cordé, a ama de Padmé), e fotografado por ninguém menos do que o renomado fotógrafo de moda Irving Penn, o editorial se chamava Star Wars Couture e foi publicado na edição de abril daquele ano.

Trisha Biggar, com a colaboração de um time de especialistas, elaborou um dos conjuntos de figurinos mais intergaláticos desde então. A designer escocesa com sua estética vibrante e colorida, recheada de todas as referências certas, fizeram deste figurino algo tão marcante que acabou acontecendo justamente o que George Lucas previu, o figurino ganhou seu papel próprio na saga.

 

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