Reflexões – Douglas Adams
“Por todo o caminho, desde Londres até Heathrow, ela sofreu com a dúvida. Não era uma pessoa supersticiosa, nem ao menos religiosa, era apenas alguém que não tinha certeza alguma se deveria mesmo pegar o avião para a Noruega. Mas começara a achar extremamente fácil acreditar que Deus, caso existisse um Deus, e caso fosse remotamente possível que qualquer ser divino que pudesse por ordem na disposição das partículas da criação do Universo também estaria interessado em direcionar o trânsito na M4, não quisesse que ela viajasse para Noruega também. Todo o problema com as passagens, encontrar um vizinho para cuidar de sua gatinha, então achar a bichana para que ela pudesse ser cuidada pelo vizinho, o vazamento repentino no telhado, o sumiço de sua carteira, o tempo, a morte inesperada do vizinho, a gravidez da gata – tudo aparentava uma campanha orquestrada de obstrução que tinha começado a tomar proporções divinas.”
“Passou várias horas daquela noite em cima do telhado de sua casa, acenando o seu punho cerrado para o céu escuro e gritando “Pare!”, até que um vizinho reclamou para a polícia dizendo que não conseguia dormir. A polícia apareceu escandalosamente em um carro de patrulha e acordou o restante da vizinhança também.”
“Posso não ter ido para onde pretendia ir, mas acredito que cheguei onde precisava estar.”
“[Um mecânico] recomendara a eles um pequeno pub local onde poderia procurá-los quando tivesse completado a vistoria do Citroën. Uma vez que o Jaguar de Dirk tinha apenas avariado a lâmpada da seta direita [no acidente], e Dirk insistira que raramente virava para a direita, dirigiram-se até o pub em seu Jaguar.”
Trechos extraídos de The Long Dark Tea-Time of the Soul
Douglas Adams, 1988
Leave a Comment