Introdução de Comic Books #1 – Douglas Adams
O Guia do Mochileiro das Galáxias (edição de colecionador), DC Comics, Maio de 1997
Introdução de Comic Books #1
As pessoas com freqüência me perguntam de onde tiro as minhas ideias, às vezes tão freqüentemente quanto oitenta e sete vezes por dia. Esse é um risco bem conhecido pelos escritores, e a resposta correta para a questão é primeiramente respirar bem fundo, normalizar seus batimentos cardíacos, preencher sua mente com imagens calmas e tranqüilas do cantar dos pássaros e botões de ouro nos campos na primavera, e então tentar dizer, “Bem, interessante você ter perguntado isso…” antes de começar a chorar e soluçar incontrolavelmente.
O fato é que eu não sei de onde as ideias vêm, nem mesmo onde procurá-las. Tampouco qualquer outro escritor. Isso não é bem verdade, na verdade. Se você estivesse escrevendo um livro sobre os hábitos de acasalamento dos porcos, você provavelmente colheria algumas boas ideias se passasse um tempo num chiqueiro vestindo uma capa de chuva de plástico, mas se a sua área é a ficção, então a única resposta verdadeira é beber muito café e comprar uma escrivaninha que não se espedace quando você bater com sua cabeça nela.
Eu exagerei, é claro. Esse é meu trabalho. Há algumas ideias específicas das quais eu me lembro exatamente de onde vieram. Pelo menos eu acho que me lembro; talvez eu esteja apenas inventando isso. Isso também é parte do meu trabalho. Quando eu tenho que escrever um trabalho bem longo, freqüentemente eu escuto a mesma música várias e repetidas vezes. Não enquanto estou escrevendo de verdade, é claro, para isso é necessário que tudo esteja bastante silencioso, mas enquanto estou buscando outra xícara de café ou fazendo algumas torradas ou polindo meus óculos ou tentando achar mais cartuchos para a impressora ou trocando as cordas do meu violão ou removendo as xícaras de café e migalhas de torradas da minha escrivaninha ou indo ao banheiro para sentar e pensar por meia hora – em outras palavras, a maior parte do dia. O resultado é que muitas das minhas ideias vêm de músicas. Bom, pelo menos uma ou duas. Para ser bem exato, há apenas uma ideia que veio de uma música, mas eu continuo com esse hábito para o caso de ele funcionar de novo, o que não vai acontecer, mas quem se importa.
Agora você sabe como funciona. Simples, não é?
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