Entrar ou não entrar em pânico, eis a questão
Desde que virei uma mochileira convicta e, principalmente, desde que comecei a escrever aqui no blog, nunca vi Douglas Adams ser tão citado quanto nos últimos 2 ou 3 anos. As eleições foram um grande fator nisso. Políticos de índole duvidosa e atitudes um tanto quanto controversas (para não dizer irresponsáveis, infantis e talvez até genocidas) fizeram com que muitos questionassem a importância deles, acreditando até que Zaphod poderia ser uma escolha mais plausível. Mas hoje não é para falar de política. Claro que é bem complicado você citar qualquer coisa da nossa sociedade sem falar de política, mas dessa vez o assunto é um pouco mais… pessoal. Não, não vou falar da minha vida pessoal; o texto é uma questão mais do indivíduo do que da sociedade em si. Melhor ir direto ao ponto antes que as palavras comecem a se misturar e deixar de fazer sentido.
NÃO ENTRE EM PÂNICO.
Durante essa pandemia, essa parece estar sendo a frase chave para acalmar os corações aflitos. Eu tento ser super adepta, mas sabemos que a coisa não é tão fácil assim. Não me entenda mal, em qualquer situação eu irei proferir as palavras DON’T PANIC com um orgulho de quem está usando uma senha para abrir um baú cheio de tesouros. Douglas Adams conseguiu tornar tão icônica uma frase tão simples que pode te ajudar em momento de desespero. Estou escrevendo isso enquanto diminuo minhas doses diárias de café porque ele piora minha ansiedade, o que também tem feito eu sentir dores no corpo. Eu falei que não seria um relato pessoal, apenas quero mostrar que você não está sozinho nessa. É normal chorar. É normal se sentir indefeso. É normal não dormir. É normal dormir o dia todo. É normal se sentir perdido. É normal ENTRAR EM PÂNICO. Mas não se esqueça de procurar ajuda e não deixar isso te consumir. Para o corpo se manter forte, a mente também precisa estar bem. E o mais importante: vai passar. Com sequelas, mas vai.
EU AMO PRAZOS. ADORO PRAZOS. ADORO O BARULHO DE VENTO QUE ELES FAZEM QUANDO OS DIAS VÃO PASSANDO.
Muita gente está tendo o direito – e privilégio – de trabalhar no conforto do lar. Outros simplesmente foram dispensados, estão de “férias”, estão em casa se protegendo. E a questão aqui é: você precisa ser produtivo?
Para os que estão trabalhando, a resposta é sim. Mas não o tempo todo. Você tem seu horário de trabalho e serviço não falta, mas nessa pandemia, sabemos que as coisas não estão tão frenéticas como normalmente. Menos clientes trabalhando, menos pedidos sendo feitos. Mas também, mais e-mails que antes da pandemia seriam reuniões.
Para quem não está trabalhando, que é o meu caso, como você ocupa seu tempo? Você se sente na necessidade de estar sempre ativo? Assistindo série, escrevendo, gravando, colocando algum projeto em prática, aprendendo receitas novas… o que mais tem feito? Ocupar esse tempo em casa é sim necessário para manter a mente ocupada. Mas não se desespere, não é uma obrigação. Eu tenho muitas coisas para fazer, muitos textos, pautas, projetos parados, mas percebi que… não tenho prazos. Não tenho nada para entregar, as publicações não têm pressa para serem divulgadas e minha casa vai continuar aqui para ser limpa – talvez nem ela aguenta mais ser limpa. Um dia apenas deitada assistindo séries e filmes – já assistiram a série de TV do Guia? É maravilhosa! – no outro escrevendo, me exercitando, cozinhando.
Sem pressa, sem pressão, sem cobranças, sem prazos. Se Douglas Adams, cheio de prazos, conseguiu procrastinar enquanto escrevia as sequencias da trilogia de cinco, acho que você pode se dar ao direito ser um pouco inútil de vez em quando durante esse isolamento.
Mas ficam algumas dicas do que podemos fazer:
– Aprenda a cozinhar algo que você goste muito. Também aproveite para pedir algo muito gostoso de comerciantes locais que estejam entregando, a ajuda é sempre bem vinda.
– Assista algo muito engraçado. Veja notícias ou assista coisas mais “cabeça”, mas cuidado para isso não te deixar para baixo. Tenha uma válvula de escape.
– Dance. Dance muito. Escolha suas músicas favoritas e rebole a raba dance até as pernas cansarem.
NÃO BASTA APRECIAR A BELEZA DE UM JARDIM, SEM TER QUE IMAGINAR QUE HÁ FADAS NELE?
Quero finalizar esse texto com essa citação. Para os que não se recordem, essa frase está n’O Guia do Mochileiro das Galáxias e acho que vale para esse momento. Não estou tentando aplicar o estilo namastê, mas só o fato de ter menos pessoas na rua e você não estar vendo essas pessoas, curtindo o que pode na sua casa, talvez você comece a prestar mais atenção nos detalhes e perceber que nem tudo precisa ser extraordinário. Menos é mais. O mais simples às vezes pode ser o mais fascinante. Leia novamente um livro que você gosta muito e relembre das suas frases favoritas. Aproveite ao máximo as pessoas que você têm em casa e talvez descubra coisas novas sobre elas. Está sozinho/a? Pense em tudo que você faz ou deixou de fazer porque achou que não seria o certo, não seria “do seu feitio”; se conheça longe dos outros. Pense nos seus amigos e no que você sente falta neles. Veja detalhes da sua casa e porque é reconfortante estar nela, ou o que pode melhorar. Veja as pequenas coisas. Choose life.
Não entre em pânico. Mas, se precisar, pode.
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