Há tempos que não escrevia na coluna, e vai ser a primeira de um quadrinho. Espero fazer jus à obra.

Normalmente, quem vai na CCXP pela primeira vez costuma me perguntar qual a minha parte favorita do evento. Eu demorei um tempo para concluir simplesmente que, é a Artist Alley.

Claro, tem muitos estandes legais, muita coisa para ver, principalmente quando se trata de lançamentos, e vez ou outra você consegue ver seu artista ou celebridade da internet favorito.

Na própria Artist Alley você pode encontrar alguém famoso que trabalhe com livros e quadrinhos, e comprar suas artes favoritas. Mas, principalmente, você pode valorizar o trabalho nacional de pessoas que ainda não são tão conhecidas, mas que tem um talento incrível.

E foi assim que eu conheci o Otoniel e o estúdio Iluminuras. Estava olhando todas as mesas, e sempre parava no que chamava mais a minha atenção. Além dos bottons – eu sou a louca dos bottons – a simpatia do Otoniel me fez parar na mesa, e principalmente a história sobre o quadrinho Pretérito Mais Que Perfeito.

Ganhei até uma dedicatória

Tanto Otoniel quanto o estúdio são de Belém, e a história escrita no quadrinho também.

Pretérito Mais Que Perfeito conta a história de de Belém, e é claro, do Brasil, em várias décadas diferentes, começando em 1869 e indo até 2013, e depois pulando para 2032, em um futuro que, ao nosso ver, pode ser possível, tanto pela tecnologia retratada e até mesmos os problemas que poderemos enfrentar.

Podemos dizer que é a aula de História mais divertida que alguém pode ter. Independentemente de você ser fã da matéria ou não, vale a pena conferir esse quadrinho. A riqueza de detalhes, e principalmente a preocupação do uso do vocabulário específico para cada período é algo de brilhar os olhos. Um deleite para os linguistas de plantão.

Rindo de desespero. 1990, pós confisco da poupança feito pelo Collor.

O mais interessante nisso é você ver a diferença no linguajar, roupas, comportamento e até como a cidade é retratada em cada década. Não economizaram em pesquisas para esse quadrinho. E a pesquisa não fica só na quadrinho. No final dele, o leitor pode ver o que estava acontecendo em cada década, e entender o enredo das histórias.

Mas com certeza, a história de Belém não é a unica atração desse quadrinho!

Enquanto me contava do que se tratava, Otoniel fez questão de destacar que, para cada década, há uma música e um estilo de desenho, e isso me chamou muito a atenção.

2013. Nanquim e ecoline

Cada década, podemos dizer que é um capítulo diferente, e todas as histórias tem apenas duas páginas – destaque no apenas porque queria que durassem mais. Assim que você vira a página, você já entra no outro mundo, ou melhor, em outro período, com os detalhes de cada arte feita para aquela história.  E não pense que são histórias distintas, lembre-se que você está lendo a história de uma cidade, de um estado, de um país, em várias décadas diferentes, então uma puxa a outra a cada final de leitura.

Além de uma arte diferente para cada década, você tem uma música para cada uma – que você também pode conferir sobre elas no final do quadrinho. Na mudança para cada história, tem um QR Code para você ler no seu celular e ele te direciona para a faixa que você deve ouvir enquanto lê. Uma música para cada década, uma trilha sonora que te faz embarcar ainda mais a fundo de cada quadro.

Confesso que já tenho o costume de ouvir música enquanto estou lendo, então não foi difícil apreciar e me envolver durante a leitura – aliás, estou ouvindo a trilha sonora enquanto escrevo. Para quem quiser conferir, só entrar no perfil do Otoniel lá no SoundCloud.

Claro que se você não tem o costume, não é obrigatório ouvir a música durante a leitura. Mas recomendo fortemente, a experiência é única.

Não quero me alongar muito porque, além de evitar texto gigante, vale muito a penas vocês conferirem esse quadrinho, então não quero estragar a surpresa para vocês.

Confiram o trabalho do Otoniel e da Iluminuras. O trabalho com destaque mais recente deles é a animação Icamiabas que vai ar até o dia 16 de dezembro na TV Cultura do Pará. Uma animação que valoriza não só a cultura brasileira, como a paraense, em que as personagens principais são inspiradas em índias guerreiras.

A animação de cinco episódios em animação 2D se passa na fantástica Cidade Amazônia, onde os antigos deuses se aposentaram e os conflitos entre os seres encantados e os humanos passam a ser resolvidos pelas Icamiabas. Iuna, Laci, Conori e Thyhi são quatro meninas guerreiras, cada uma regida por uma fase da lua, que dividem sua rotina entre as tarefas comuns do dia a dia com batalhas engraçadas para manter a harmonia na cidade.

E você estiver na CCXP esse final de semana, aproveita para visitar o Artist Alley e conhecer o trabalho do Otoniel, na mesa A24.

Written By

May

Uma whovian que nunca esquece de levar sua toalha na TARDIS e nunca dispensa uma xícara de chá. Ainda acha que vai encontrar a pergunta fundamental sobre A Vida, o Universo e Tudo o Mais em alguma viagem no tempo ou no espaço.