Em breve, disponibilizarei um vídeo onde Douglas Adams comenta um pouco do seu encontro com o Aye-Aye. E não se esqueçam de ler as partes anteriores.

PARTE 01

PARTE 02

PARTE 03

PARTE 04

“A diferença”, Mark disse, “é que o primeiro refúgio livre de macacos fora arranjado pelo acaso. O segundo foi na verdade arranjado pelos macacos”.

“Devo supor que é justo dizer que conforme nossa inteligência aumentou, ela nos deu não apenas maior poder, mas também a compreensão das conseqüências do uso desse poder. Nos deu a habilidade de controlar nosso meio ambiente, mas também a habilidade de controlar a nós mesmos”.

“Bem, de certo modo”, disse Mark, “de certo modo. Há vinte e uma espécies de lêmures em Madagascar hoje, das quais acredita-se que o aye-aye seja o mais raro, o que significa que é o que está atualmente mais próximo do precipício. Houve uma época em que havia mais de quarenta. Mais da metade deles já foi empurrada do precipício. E estamos falando apenas dos lêmures. Praticamente tudo que vive na floresta tropical de Madagascar não vive em nenhum outro lugar, e restou apenas dez por cento deles. E isso é apenas Madagascar. Você já esteve no continente africano?”

“Não”.

“Uma espécie atrás da outra está sendo dizimada. E eles são animais grandes. Há menos de vinte rinocerontes brancos do norte, e há uma batalha desesperada para tentar salvá-los dos caçadores. Estão no Zaire. E também os gorilas das montanhas – são um dos parentes mais próximos do homem, mas quase os eliminamos nesse século. E está acontecendo por todo o mundo também. Você já ouviu falar do kakapo?”

“Do que?”

“Do Kakapo. É o maior, mais gordo, e menos capaz de voar papagaio do mundo. Vive na Nova Zelândia. É o pássaro mais estranho que conheço e provavelmente será tão famoso quanto o Dodô quando for extinto”.

“Quantos deles existem?”

“Quarenta e diminuindo. Você já ouviu falar do golfinho do rio Yangtze?”

“Não”.

“O dragão de Komodo? O morcego de frutas das Ilhas Rodrigues?”

“Espera um pouco, espera um pouco”, eu disse. Entrei na cabana e vasculhei entre as formigas por uma das conquistas mais premiada dos macacos. Consistia de um monte de gravetos esmagados em uma espécie de polpa, achatados em folhas, e então unidas com algo que anteriormente havia mantido uma vaca unida. Levei meu Filofax para fora e folheei, enquanto o sol brilhava por entre as árvores atrás de mim de onde alguns varecias chamavam uns aos outros.

“Bem”, eu disse, sentando no degrau novamente. “Apenas tenho que escrever uns dois livros, mas o que você vai fazer em 1988?”

Written By

Carlos Eduardo

Meu nome é Carlos Eduardo e já completei 37 primaveras. Meu sonho é ter um robô de estimação e viajar o mundo em um balão.