O Encontro
Não esqueçam de ler as partes anteriores.
Que coisa extraordinária. Havíamos realmente encontrado a criatura. Um breve vislumbre, que durou apenas alguns segundos, do animal avançando vagarosamente por um galho a meio metro de nossas cabeças, e nos olhando lá de cima por entre a chuva com um tipo de incompreensão serena sobre que tipo de coisas nós seríamos. O tipo de momento difícil de não se sentir completamente embasbacado.
Por que?
Porque percebi mais tarde que eu era o macaco olhando para a lêmure.
Ao voar de Nova Iorque e Paris até Antananarivo em um avião 747, até Diego-Suarez em um velho jatinho de hélice, dirigir até o porto de Maroantsetra em caminhões ainda mais velhos, atravessar até Nosy Mangabé em um barco que era tão velho e deteriorado que era quase indistinguível de um pedaço de madeira boiando, e finalmente andar durante a noite através daquela antiga floresta tropical, era quase como fazer uma viagem de volta no tempo através de todos os estágios de nossos experimentos com a tecnologia dos gravetos, no meio ambiente de onde tínhamos originalmente expulsados os lêmures. E aqui estava um dos últimos deles, olhando para mim com, como disse, uma incompreensão serena.
No dia seguinte, Mark e eu sentamos nos degraus da cabana naquela manhã de sol, tomando nota e discutindo ideias para o artigo que eu iria escrever para o Observer sobre a expedição. Ele havia explicado em detalhes a história dos lêmures e eu disse que achava que havia uma ironia nisso tudo. Madagascar tinha sido um refugio livre de macacos para os lêmures longe do litoral do continente africano, e agora Nosy Mangabé tinha que ser um refugio livre de macacos longe do litoral do continente de Madagascar. Os refúgios estavam cada vez menores, e os macacos já haviam chegado nesse aqui, sentados tomando notas a respeito disso.
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