Idealizada e produzida pelo roteirista, Emanuel Franco (21), e pelo desenhista, Brayam Alves (21), Fireside é uma HQ que se passa em 1894. Na história o detetive inglês Edward Nolan é enviado até uma pequena cidade na Holanda chamada Schagen, para investigar o desaparecimento de meninas. O detetive encontra um emaranhado de coisas na cidade como: um símbolo misterioso; um menino que diz estar preso injustamente; um homem estranho que ronda a cidade, e o caso de meninas que desaparecem misteriosamente.

O Obrigado pelos Peixes bateu um papo com os autores da Fireside. Confira:

 1) Quando vocês começaram a se interessar por essa área de trabalho?

Desde muito pequeno, o Brayam sempre desenhou, se arriscando nas histórias em quadrinho em cadernos de desenho. Eu também escrevo textos e tentativas de livros desde que era criança em todo tipo de caderno que passava pelas minhas mãos.

2) Como surgiu a ideia de criar uma HQ?

A ideia surgiu quando resolvemos abandonar os mangás. Nós fazíamos mangá, mas vimos uma dificuldade muito grande em publicar e divulgar esse tipo de material aqui no Brasil, foi quando decidimos focar em Graphic Novels.

3) Atualmente, a venda de HQs ganhou força decorrente do fenômeno The Walking Dead (série de zumbis que antes de chegar à TV era produzida em HQs) vocês acreditam que esse momento de alta em vendas de HQs será duradouro ou será apenas momentâneo?

Acho que é só o começo para as HQs. O foco está muito grande nos cinemas, principalmente com histórias de heróis. Ter uma série do The Walking Dead é um avanço maravilhoso, algumas outras histórias sem super heróis também estão começando a aparecer pela TV. Acredito que veremos cada vez mais materiais adaptados de HQs e torço que sejam cada vez mais diversos.

4) Como vocês dividem e executam as funções para criar a HQ?

Decidimos desde o inicio que cada um teria sua função, mas se necessário faria pontas para ajudar o outro. Eu fiquei com a área de roteiro e mais tarde com a necessidade de um marqueteiro acabei assumindo essa função também. O Brayam ficou encarregado de toda a parte de ilustração das páginas e conceito dos personagens a partir de uma reunião que fizemos para criá-los. As artes digitais quem faz sou eu, assim como a finalização das páginas digitalmente, mas o Brayam também ajuda nessa área, sempre que preciso de uma ilustração específica ele deixa de lado as páginas e corre fazer. Somos uma equipe que funciona muito bem, estamos a quase sete anos juntos então já aprendemos a lidar muito bem um com o outro.

5) Existe uma influência filosófica forte em Fireside?

Nosso foco desde o inicio foi a filosofia. Todo roteiro é baseado na filosofia de Friedrich Nietzsche, em conceitos como “além do bem e do mal”, “o Ubermensch”, entre outros. Tentamos trazer mais do que uma simples história de detetive, trazer um questionamento do porque as pessoas criam tantas amarras em suas vidas para justificar o que fazem, além de uma visão sobre o viver e sobre o que é importante na vida, até onde vamos por amor. O Próprio nome é uma referência filosófica que o leitor aprenderá ao passar das páginas. Acho que é isso que vai prender o leitor ao Fireside, toda essa pegada mais profunda com base em filosofia.

6) Quais foram as suas inspirações para vocês começarem a se interessarem por HQs?

A principal foram com certeza os mangás. Mas gostamos muito de música e eu particularmente sou um amante de filmes, tanto que trouxemos elementos cinematográficos para a Graphic Novel, tem muita inspiração de jogos de videogame também já que o Brayam é um viciado em jogos. Eu estou sempre escrevendo ao som de músicas clássicas dos anos 70 e 80 sem deixar de misturar o bom Indie e o Folk. O Brayam costuma ouvir trilhas sonoras de jogos enquanto desenha, falei que esse menino é viciado em vídeo games!

7) Fireside está no Catarse, como as pessoas podem ajudar vocês?

Bem, entrando no site a pessoa escolhe uma das diversas recompensas escolhendo a que melhor cabe no seu bolso, isso tudo pra nos ajudar a financiar, a pessoa pode ajudar tanto financeiramente quanto falando com outras pessoas sobre o projeto. Estamos agora com uma medida mais radical pra financiar, uma vez que estava difícil arrecadar fundos para a campanha, estamos lançando o “12 pessoas com mil reais”, que funciona da seguinte forma; a pessoa/empresa nos ajuda com mil reais no catarse e nós prometemos devolver essa quantia pra ela assim que vendermos as edições após o financiamento. Essa foi a maneira que vimos de alcançar nossa meta dentro do prazo que o site nos dá, então pedimos para as pessoas que nos mandem contato de empresas que poderiam nos ajudar ou que entrem em contato se tem esse interesse.

8) Como surgiu a ideia de criar Fireside?

A ideia surgiu enquanto eu ouvia uma música da banda Arctic Monkeys, a partir disso fui construindo a trama e conversando com o Brayam sobre os personagens, em cima da trama fomos misturando a filosofia e esmerando a história pra deixar ela cada vez mais rica. Escolhemos vários elementos da história por nunca termos visto antes, ou pela vontade de explorar melhor algum aspecto já visto, como por exemplo, o contexto filosófico do detetive no fim da era vitoriana.

9) Vocês acreditam que é possível viver da produção e venda de HQs no Brasil?

Essa pergunta é difícil responder. Vemos alguns nomes que trabalham para grandes editoras de fora do Brasil e até estúdios como do Maurício de Souza aqui mesmo, o grande problema são as obras independentes, acho que esse mercado ainda tem muito chão pra caminhar, mas tenho esperança que essa seja nossa realidade em breve. Enquanto isso, estamos nos arriscando para fazer o que gostamos e acreditamos, Neil Gaiman é uma pessoa que me inspira demais, num discurso ele disse “Make Good Art” (Faça boa arte), e esse é o principal lema que eu e o Brayam levamos no nosso trabalho.

Para colaborar com o projeto Fireside no catarse, acesse: www.catarse.me/fireside

 

Written By

Camila Borges

Jornalista | Assessora de Imprensa | Escritora | Blogueira | Curitibana | (O restante procure no Lattes)